quarta-feira, 25 de julho de 2012

Hoje falta-me o cheiro do fogareiro e o barulho das caricas de minis…


Sempre gostei de festejar aniversários. Habituei-me desde muito cedo a reunir amigos na minha casa ou em S. Martinho do Porto, mais tarde em casa do meu pai ou na Associação da aldeia. Foi sempre um momento de reunião de amigos e família. Raras vezes fiz convites.. “Apareçam todos”. O Convite tá feito!. Com o tempo perde-se algum entusiasmo, alguma energia.

Mas em mim os pulos continuam os mesmos. Quem dera fechar a rua, prantar por ali dois grelhadores, encher o frigorifico de minis, o pátio de amigos e família e ficar ali até que o dia e a noite queiram. Talvez essa falta me faça este ano não ter vontade de comemorar o que quer que seja. Logo eu que sempre gostei tanto de aniversários. Será a idade? Não. Á idade não me resigno. Vá lá uma ou outra picada já mais difícil de subir, uma bola a que já não se chega com as pernas (só com o pensamento) e prega-se uma mocada no Baixinho, o convite para jogar nos Veteranos da aldeia. Prefiro entender isso como um momento de “baixa forma”. Á idade não me resigno. Mesmo sem cabelo. Mesmo que as ressacas, outrora de 2/3 horas, hoje durem 3 dias! Idade é peste que comigo não entra!

Mas hoje falta-me o cheiro do fogareiro e o barulho das caricas de minis. Ligam os amigos e mais vontade tenho de encher o pátio. Sempre fui gajo de grandes ajuntamentos. Por isso hoje custa-me tanto o aniversário. Por isso hoje não tenho vontade de comemorar o que quer que seja. A todos os que  gentilmente perdem minutos de vida a desejar-me parabéns, agradeço do fundo do coração. Á extraordinária, única e especial pessoa que me atura dia e noite e mesmo assim ainda me oferece presentes neste dia, não sei como agradecer e trago-a comigo num sítio especial.

Apesar de tudo, tenho sentimentos e são sempre agradáveis estas manifestações de apreço. Algumas fazem-nos passear pelas ruas da amnésia. Vasculham-nos outros tempos, outras guerras. E o molho das entremeadas a cair nas brasas. O dia no SPA, o capacete da bicicleta, eu o outro e a “equipa do Varzim”. O Joelito e o Sr. Ismael que ainda aqui passam para um brinde. O meu pai a sofrer de Bicicleta das Caldas a S. Martinho, As dunas em Salir, o amigo Dinis (que faz anos depois de amanhã) e ficou em minha casa neste dia no ano de mil novecentos e noventa e não sei quantos. A bolada mesmo no olho, os calções tirados no mar e mandados para longe, o primeiro equipamento do Benfica.

Hoje é dia disto tudo. Afinal 32 anos são muitos anos. Mas hoje não é de todo o meu dia. Hoje é para mim o dia de todos quantos comigo deambularam e ajudaram a traçar as rugas da minha cara. Hoje é dia de todos os aqueles que me fizeram o homem que sou. Hoje é o dia daqueles grandes amigos com quem tive e tenho o privilégio de privar. É o dia de todos os familiares que me acompanharam até nas batalhas mais duras, mas essencialmente nos bons momentos, que dos maus não reza a história. É o dia dos meus avos que me criaram (Parabéns ao meu avô que também faz anos, obrigado à minha avó pela primeira educação, e um beijinho à minha avó que não está mais cá, mas partiu com a missão bem cumprida no que a mim diz respeito). Hoje é o dia dos colegas especiais que tive ao longo de uma vida, e bolas se tive colegas extraordinários. É o dia das pessoas geniais, que felizmente se foram cruzando no meu caminho e que fizeram o favor de perder algum tempo comigo.

Hoje é dia disto tudo. Pena o cheiro do fogareiro e o som das caricas.

quarta-feira, 4 de julho de 2012

10 anos é muito tempo!


Os desafios? Aceitam-se! Os compromissos e a dignidade? Honram-se! Honram-se sim… e honra-se a prestação da casa e o pão que se tem de pôr em cima da mesa…

Graças a Deus e a todos os que tiveram a amabilidade de confiar no meu trabalho e o bom senso de me pagar por isso, sempre consegui comer uma côdea e beber um copo de vinho ao chegar a casa… e ainda consegui estragar uns trocos por aí e depositar outros em Bancos de referência como o “Sem Horas”, o “Ah poizé “o “Tunel “ou o “Living”… não que os juros fossem vantajosos, mas eram bancos honestos, nada como esta pouca vergonha que se vê por aí nos Bancos de rating elevado… ali era certinho. Um bom investimento e ia à lua, via estrelas em noites de trovoada e com um bocadinho de sorte ainda chegava a casa e andava de helicóptero… belos investimentos!

Hoje nada é mais assim... os desafios, os compromissos… as decisões cada vez mais difíceis. Sempre decidi com impulso, com intuição, com o coração – esse bandido – noites, dias, mas  pior , foram os segundos e os minutos de angústia, de ansiedade, chega, não chega, vai, não vai… claro que vai ,eu sou de impulsos, não, não devia ter ido! Bolas.. nada a fazer já foi… e hoje revisita-se o Tejo e a Lisboa. Nem devia ter ido. Não devia ter pedido para passear em Lisboa. Afinal são mais de 10 anos, 10 anos é muito tempo para se sair assim… as visitas são boas, claro que sim, mas não é o mesmo. Não há o trânsito, nem os semáforos, a correria no metro e falta o fado. O fado só e fado em Lisboa! Os bairros, esses bairros de medo, de mística, de história. A pertença, essa mesma que só faz sentido à noite de fronte da torre do sino ( ou perto disso) de dia tem de ser à beira rio. Talvez até debaixo da ponte. Sempre me contentei com pouco - O meu carro é o pior do parque automóvel da empresa, a minha bicicleta é a pior do “pelotão” onde ando e a minha roupa é dos saldos ou da feira… -  mas os sonhos, nos sonhos tenho dificuldade em me contentar… sou eu e o Pessoa “ tenho em mim todos os sonhos do mundo”. E na paz de espírito, na tranquilidade…aí  sou uma besta que demora a contentar se.

Mas os desafios, esses aceitam-se. Aceitam-se porque os compromissos honram-se!