quarta-feira, 20 de junho de 2012

ainda oiço o toque da campainha...

Chegada esta altura é mais que certo que me acontece isto…

Lembro-me hoje com alguma nostalgia dos tempos de escola secundária. Era por estes dias que tudo se decidia e, embora comigo nada de extraordinário pudesse acontecer, as Provas Globais ou os Exames eram testes em que convinha manter a nota por causa da média.

Oiço as notícias e parece-me que ainda sinto o cheiro da escola nesses dias, a ansiedade, os nervos, as leituras de última hora, as “cábulas de estudo”. O toque da campainha que nesses dias era desfasado dos horários das provas… o Miguel que, na biblioteca ia gritando à moda do cuco “ faltam 30 minutos, hora de afinar as cábulas” o Dino que insistia em levar dicionário para a prova de Métodos Quantitativos e Máquina de Calcular para a prova de Português!

Por estes dias invade-me sempre uma estranha sensação de desconforto, de desorientação, de ansiedade… como se estivesse a viver esse tempo. Não só das provas mas de tudo o resto.

A seguir começavam os treinos de futsal para o Torneio da Câmara. Nunca fui grande espingarda no futebol 11, mas no futsal escapava. Aí dava o meu contributo e tanto que joguei para o amigo Dinis marcar um golo. Ele acabou por não marcar golo e eu, apesar de estarmos a ganhar o jogo e já ter marcado dois, vivi aquilo como uma derrota e ainda tentei dar “ um abrunho” num defesa que lhe fez falta quando ele estava isolado.

Era o início das férias, as separações dos colegas, as juras de amizade eterna, os namoros que ficavam em banho-maria. Era a praia de S. Martinho do Porto, a Piscina do Sta. Eulália, o acampamento do grupo de jovens em Monfortinho e a festa de Setembro em Dois Portos. Chica que é muita emoção!

E toda essa emoção, ainda a vivo. Vivo-a agora, vivo-a hoje, e ainda oiço o toque da campainha, o Miguel e o Dino, ainda oiço o Mister a ralhar e o suor a escorrer-me cara abaixo.

segunda-feira, 4 de junho de 2012

Quanto valem os sonhos?

Acordei mal disposto, e sempre que acordo mal disposto dá-me vontade de agarrar numa caçadeira e acabar com alguns vermes que parasitam a nossa sociedade e que certamente a fazem mais podre, mais suja e menos interessante.

Acompanho com algum empenho a evolução política dos nossos tempos, não só na Europa mas um pouco por todo o Mundo e - especialmente em alguns Países Árabes… mas que se lixe o mundo, Porque eu Vivo em Portugal, um País cada vez mais miserável, com demasiada gente ordinária, sem escrúpulos, com uma abominável falta de chá, de educação e embrenhados em demasiada lata..

Habituei-me nos últimos anos – fruto da profissão – a lidar com expectativas, com emoções, com sentimentos, com frustrações e angústias, com sonhos… sim com sonhos, eu que nem ligo muito a isso dos sonhos, mas e quanto valem hoje os sonhos? Como se mede a alegria e a felicidade? Há tempos perguntei, “quanto vale a vida humana? ”

Vale pouco, a vida, valem pouco os sonhos a alegria e idem as expectativas, as frustrações e as angústias! Importante é subir o PIB, e descer a dívida num rácio direto e perfeito. O resto que se lixe.

 E de lá, dos gabinetes tornados em pedestais, desses que tais pobres de espírito não saem mesmo sob suspeitas de corrupção, de abuso de poder, de tráfico de influências, entre outros, legislam a “regra e esquadro” como dizia há dias um Presidente de Câmara, e entendem que hão de fechar urgências aqui, serviços de ortopedia ali, maternidades acolá, extinguir Juntas de Freguesia por aqui, ali e acolá, criar Mega Agrupamentos de Escolas, tudo isto sem entenderem que é de saúde, de educação de (ausência) de qualidade de vida, de dificuldades nos acessos a esses lugares que ficam aqui e acolá, (onde eles só se deslocam em campanha de Mercedes, BMW´s ou Audi com ar condicionado), que se está a tratar.

E enquanto estas bestas, que não têm outro nome, continuarem a estar à frente do País de certeza que os nossos sonhos, as nossas expectativas, a alegria e a felicidade serão sempre esquecidas, porque o importante é acalmar os mercados e agradar à banca!